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De Lisboa para o Mundo

Cláudia Fonseca, Hospedeira de Bordo, Agosto 2014

 
Reflectir no que tenho de inspirador para partilhar não foi fácil. Demorei muito tempo a decidir mas a honra que senti por ter sido "chamada" para partilhar obrigou-me mesmo a "chegar-me à frente". Não queria falar sobre o cliché de jovem aventureira que emigra em busca de uma vida melhor, mas de facto, é o que há de mais inspirador para contar.
Reconheço que foi precisa alguma coragem para deixar a casa linda em que vivia e adorava em Lisboa, os meus amigos, a minha rotina super agitada, a família, os sobrinhos... Os sobrinhos é o que mais custa, eles crescem todos os dias e eu não estou lá para ver. Estou bem longe... Mas cada vez mais sentia, e ainda sinto, sempre que vou a casa de passagem, que neste momento não há espaço para mim em Portugal.
 
Vivo em Abu Dhabi, é a minha nova casa, ou assim estou a tentar que seja. Troquei o mar e a serra pelo deserto. Não foi fácil, não está a ser fácil. O verão é especialmente desafiante porque o calor é insuportável. Sou hospedeira de bordo numa companhia área exigente. Tenho de saber o manual de procedimentos de emergência e segurança na ponta da língua, tenho de estar sempre bonita, bem penteada, maquilhada e sorrir, sorrir muito, mesmo quando não tenho vontade, faz parte. Passo a maior parte do tempo nas nuvens, nas américas, ou na ásia. Curiosamente, venho pouco à europa, que é claro, onde me sinto mais em casa. Descobri nesta profissão tantas vantagens que desconfio que vai ser difícil adaptar-me a um trabalho das 9h às 5 quando sair daqui. Aprendi a adorar viajar sozinha, descobri que sou mesmo a minha melhor companhia, a cuidar melhor do meu corpo e a mudar para muito melhor os meus hábitos de alimentação. É preciso dormir bem, comer bem para não passar a vida de cama, tendo em conta o desgaste físico (e psicológico) desta profissão. Como passo muito tempo fora, vivo com saudades do meu marido (entretanto casei-me por cá, com o meu português preferido que embarcou nesta aventura comigo) e gosto disso, daquele friozinho na barriga de quem três anos depois continua apaixonada como se fosse o primeiro dia.
 
Fiz novos amigos, aqui são a minha família. Percebi que não quero mesmo trabalhar na minha área de formação, interessei-me por novas coisas, onde quero investir no futuro.
 
Quero voltar para portugal, assim que sentir que tenho espaço para mim e para as minhas novas ideias, que existe um futuro bom à nossa espera. 
 
Só quem está longe de casa sabe o difícil que é perder os aniversários das pessoas que importam, o natal, o primeiro dia de escola da sobrinha, os abraços, os sorrisos, as longas conversas com quem nos conhece tão bem. Só quem está longe é que sabe que tudo é motivo para sentirmos saudades, e quando digo tudo, é mesmo tudo... Mas para já vou ficar por cá, a explorar as dunas, e o resto do mundo. Aqui sinto que há um espaço para mim, que tenho liberdade (financeira sobretudo) para fazer e investir no que gosto.
 
E apesar das saudades, adoro a aventura da viagem permanente que este trabalho me permite. Como diz a minha companhia: "the world is our home, you are our guest" e a segurança de saber que aprendi e sou feliz aqui, posso ser feliz em qualquer parte do mundo, basta querer e fazer por isso.
 
PS: entretanto a Cláudia - a minha irmã mais nova, deixou os aviões no final de 2015 e está a lançar-se como Health Coach. Bons vôos! :)

 

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